quarta-feira, 27 de junho de 2012

Hoje é o dia!

Um dia acordo e vejo um brasileiro a puxar por Portugal como nenhum outro português no seu lugar o tinha feito. Esse brasileiro era então o seleccionador da selecção portuguesa de futebol, o Sr. Scolari. Ora bem, de burro é que ele não tem nada porque basta ir ao youtube ver os vídeos do Euro 2004 para ver a corrente de apoio, força, entusiasmado e uma certa loucura que se criou à volta da selecção nacional. No caminho de Alcochete até Lisboa não havia um metro sem meia dúzia de pessoas com cachecóis e bandeiras, gargantas prontas para gritar por Portugal, gente em cavalos, gente em avionetas, gente em barcos. E as televisões ajudavam ao fanatismo da altura, tal como ajudam hoje com directos e especiais para noticiarem que a selecção irá num voo TAP para a Polónia (ao menos ainda não está tudo assim tão maluco!), que o voo da selecção está atrasado, que o avião descolou, que o avião aterrou, que os jogadores já estão em chão polaco... epa IRRA!!! Já não há paciência para tanta notícia sem conteúdo. Não acho mal darem atenção e tempo de antena ao futebol, eu gosto de ver os jogos da selecção nacional de futebol, vibrar com as vitórias, com os golos, com as bolas ao lado, ao poste e à trave mas já não concordo que seja só o futebol que mereça destaque. Afinal as bandeiras portuguesas deviam estar nas janelas, nos carros, eu sei lá... deviam também ser um símbolo de orgulho pelas conquistas da Telma Monteiro, actual campeã europeia de judo (título que conquista pela quarta vez) e atleta que em oito presenças em Campeonatos da Europa nunca falhou um lugar no pódio. Essas bandeiras deviam também ser um símbolo de orgulho pela selecção portuguesa de atletismo que se sagrou campeã mundial no Campeonato Mundial de Atletismo para atletas com Síndrome de Down... e também pela selecção portuguesa de canoagem que conquistou duas medalhas de bronze na Taça do Mundo que se realizou na Polónia... e ainda pela selecção portuguesa de horseball que conquistou o segundo lugar no Grande Torneio Internacional (GTI) que aconteceu em França. As bandeiras, os cachecóis, os gritos de apoio, o orgulho, deviam ser sentidos pela selecção portuguesa de futebol mas também pelo Luís Pedro, atleta que pratica jiu jitsu à menos de um ano e que conseguiu ser vice-campeão mundial da modalidade, em Abu Dabhi, mesmo com um dedo partido. E tudo isto foi conquistado em 2012. As televisões publicitam o que gera dinheiro e o que gera dinheiro tem muita força e arrasta muitas pessoas, o futebol é um desporto que gera muito dinheiro e não é possível que qualquer um destes atletas tenha o destaque de um Cristiano Ronaldo, mas mereciam. Mereciam estes e todos aqueles pais-ginastas que conseguem esticar o ordenado até ao fim do mês, aquelas mães-malabaristas que conseguem sempre amparar tudo, aquelas avós-e-avôs-encantadores-de-reformas que conseguem sempre que sobre umas moedinhas para comprar um docinho aos netos. Todas estas pessoas também mereciam ser tomadas como um exemplo, serem alvo de admiração e de respeito. Somos muito mais do que pensamos ser. Somos música pela Mariza. Somos cinema pelo Manoel de Oliveira. Somos teatro pela Eunice Muñoz e pelo Ruy de Carvalho. Somos arte pela Joana Vasconcelos. Somos arquitectura pelo Siza Vieira e pelo Souto Moura. Somos moda pela Fátima Lopes e pela Sara Sampaio. Somos humor pelo Ricardo Araújo Pereira. Somos televisão e não só pela Daniela Ruah. E somos medicina, ciência e tecnologia de tanta qualidade por essas universidades fora. Somos turismo de excelência. Somos fado, Património Imaterial da Humanidade. Somos uma costa com praias de eleição e um interior rico. Somos capazes de nos erguer desta crise, somos capazes de mostrar à Europa e ao Mundo que a nossa história terá outras páginas de glória. Vamos apoiar não só a selecção portuguesa de futebol mas todas! 

Vamos apoiar tudo! Vamos apoiar Portugal!  

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